sábado, 25 de junho de 2011

Promessa ferida

Pensara sempre eu que ela me convinha, então formei com a plenitude um pacto de cobiça; eu quis o acerto, a vantagem, a satisfação. Sonhei um dia ser perfeita.
Bastou-me esse pecado para a eternidade devorar meu fígado, e de uma mancha apenas já não era imaculada. Eu sempre quis ser o que eu quis, mas a perfeição é tão surreal que me assusta, acho que nem imaginar consigo um tecido longo todo branco. Um tecido todo branco não me cobriria um olho... Mas cobre-me a razão. Sou nublada pelo desejo de provar o que é divino, e a culpa desse querer chove uma estampa em minha testa, um pesar em meu peito.
Os meus erros são indeléveis e eu sou humana. Quero lutar contra a minha imensidão de caos, recriar-me sã, ser a essência pura de um ideal... Mas que poder eu tenho? Tenho muita esperança para nenhuma potência... Sou menos que nada, sou um algo, a vergonha do todo. Sou um sonho de fogo alheio à realidade do chão, um emaranhado confuso de palavras amarrado por um coração amargo. Estou frustrada; ferida.

Eu perdi-me em não-ser.