sexta-feira, 4 de abril de 2014

Parasita

Tenho tanto medo de te trazer de volta.

Temo arrancar da sepultura do tempo
O teu cadáver,
Reconhecer a minha imagem
Em teus olhos de vidro
E lembrar-me do gosto da tua carne,
Da textura da fibra
Arrebentada
Entre meus dentes,
Da dor
Que eu fiz sangrar e que,
Eu sei,
Ainda jorra
Sem torniquete,

De como eu fui verme.

Não posso nem dizer de mim que
Foi a minha natureza
Podre,
Eu não me sabia parasita.
Ainda assim,
Quando houve fenda,
Falha,
Eu entrei na tua pele.

Que estrago eu fiz quando saí...