segunda-feira, 20 de julho de 2015

Dos seus olhos

muito omito
o grito
oriundo
dos mistérios do mundo,
persigo o motivo oculto
no vulto,
invisto no que
eu me iludo.

e porque eu li no seu cisco
o risco
do zero ou do gozo triste,
eu fecho, reservo,
remoto do sentido,
um segredo:

eu te-mo!

terça-feira, 16 de junho de 2015

Gêmeos

Aquilo que soube de ti
foi de nós,

todo o nosso,
coisa minha;
somente o meu olhar narciso
em um espelho de vidro

— quebrado,
corta-me ainda
em duas partes:

uma é dor,
a outra, imagem.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Ampulheta

O que eu sei do tempo é a substância erodida,
a areia presa dentro do vidro:

meus dedos percebem apenas
a intangível refração
oblíqua
da essência que me escapa à forma.

Se eu quebro a prisão do tempo,
Eu o tenho
Ou o perco?