quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Seu Pandeiro, o Padeiro

Corre o tempo, e eu só desejei que ele parasse de vez. Que congelasse, nos meu cinco anos de brincos de pressão da vovó e pique-esconde com o Seu Pandeiro, o Padeiro. A idade em que eu ainda respeitava as palavras-cruzadas do vovô, uns dois dias antes de assistir à Linha Direta e descobrir quão frágil poderia ser a vida. Antes de ter medo até de faca de cozinha, e antes daquela noite de estômago revirado porque, mãe, eu não quero morrer, não.
Depois daquele dia passei a ter uma sensação muito estranha. Como se o mundo fosse pequeno demais para mim e, ao mesmo tempo, muito maior que a imagem que fizera dele até então. Mas não é um pensamento, é uma dor-de-cabeça. Que vem em ondas geladas no momento e de vez em quando. Porque ainda sinto isso algumas noites, quando não consigo dormir. É como se eu não tivesse corpo, só uma prova de mortalidade. E medo de mim mesma desiludida. O chão se abriu debaixo de mim junto com os meus olhos, algo assim. Foi difícil crescer.
Ainda é.

Seu Pandeiro, eu sempre neguei teu pão. Volta logo, que só agora percebi que tenho fome...


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Dedicado a João Salim Miguel.


"Deus é gracioso, perfeito, são. Quem é como Deus?"

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