sexta-feira, 27 de março de 2009

Boneca

Fiz-me inteira em porcelana, há tempos.
De propósito...
Eu quis, então virei boneca.
Pintei meu rosto,
Trancei os cabelos,
Fechei a boca,
Emudeci.
Vivi estátua
E não vivi:

Era o enfeite da sua mesa de cabeceira
E assistia a seu despertar
Calada, quieta,
Como eu podia.

Então de você me enraiveci,
Pois levantava e sumia!
(Eu ainda me pergunto aonde ia)

Mas ontem, meu rapaz,
Chegou o dia.
E eu ecoei um surdo "basta!" em minhas vísceras.

Espiei o precipício do seu móvel,
Atirei-me ao chão a meu modo inverossímil,
Explodi em mil pedaços de carne e osso.

Agora acho que acordei humana.

10 comentários:

  1. Você é lindíssima, Majú!
    Quer ser minha personal-poetisa? Eu posso ser produtora.

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  2. Ta, se você me disser que não escreve bem de novo, sei lá, te cubro de porrada!

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  3. Que estilo Lispectoriano! Adorei! :D

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  4. Você é linda. Eu amo você. Eu sou gay sim, mas você é inteligente (sei que uma coisa não exclui a outra, mas enfim). Te quero sempre por perto, amiga. Jura nunca me deixar?

    Ps.: Eu sou gay (de novo só para frizar).

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  5. Meramente lindo, simples, maduro e profundo!

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  6. Maju, essa poesia é realmente genial. Faça o que você quiser com seus textos, mas não pare de escrever, voce tem talento de sobra pra ir longe. Estou visitando seu blog pela primeira vez, gostei de tudo que eu vi até agora, e vou ler mais.
    Parabéns e continue assim!!
    Tici

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