terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Erosão

O tempo que eu não vejo,
não toco,
não sinto,
estaria lacrado noutros pretéritos,
secreto em falhas, em depressões,
oculto
nos sulcos do relevo da memória?

Esse tempo em minutos, segundos,
momentos,
em um piscar de olhos verdes
ou castanhos ou sedentos,
naqueles quartos em que nos perdemos
por trás de espelhos,
nos cantos dos móveis,
pelas janelas;

Ele, que vai às ruas
escoado na água do choro, do gozo,
ou apenas nas garoas ociosas,
segue corrido, viciado,
para o oceano em que não se mergulha
— se encara —,
aquele
infinito de possibilidades.

Passa em mim:
invade, inunda,
marca.

Será que tenho esse tempo todo?

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