"Bata as asas, anjo."
Ela está perdida em um labirinto de vícios e virtudes, quando poderia acabar com tudo, sobrevoar seus obstáculos. Decidiu ser ordinária. Escolheu os desafios renegando seus dons, dons que a distinguem de tudo que quer ser: humana e imperfeita; normal.
Errante por um caminho incerto. Passa-se um, dois, três dias.
Mas ainda é um anjo, e suas asas pesam: "você é perfeita!"
Quatro, cinco; o anjo pára. Olha ao seu redor e vê-se entre quatro muros de pedra. Está presa. Afinal, o labirinto lhe reservou para agora o teste maior. Atordoa-se, e em um dos cantos se deixa cair, encostando a cabeça contra a pedra. Os seus olhos se fecham. Não há solução para alguém comum.
"Mas você é um anjo... Abra os olhos."
E acima dela um céu crepuscular sorri, estendendo-lhe um caminho de nuvens seguras.
É viver ou morrer, anjo.
Então bate as asas, ganha altura e voa em direção oeste: o pôr-do-sol.
Ela é perfeita.
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