sábado, 3 de novembro de 2007

Pane Moral

Eu tenho fixação pelas pessoas.
Reparo em cada traço da personalidade de todos que estão à minha volta. Chego a perseguir, espionar. E estou sempre lá, procurando algo a mais. Eu quero saber tudo sobre todos, eu preciso ser um pouco dos que me cercam. Algo que não seja meu, que não me seja. Já me encontrei e não sou suficiente. Eu não correspondo às expectativas. Eu busco o ideal dentro da pele que não me recobre.
Eu me interesso? Eu me vicio.
Então torno-me dependente: eu sou dependente da peculiaridade alheia. Em mim se contorce algo que grita, grita pelos mistérios do outro. Eu quero o outro, somente o outro me satisfaz.
Eu não me basto. O que tenho, o que sou, o que faço, o que crio... nada é de fato o que eu quero. Nada me agrada.
E nada agrada a ninguém.

Eu quero ser invejada.
Dê-me a perfeição do que não me pertence, e então serei completa.
Dê-me alguém para tomar estas palavras pensando em mim, e então não serão mais minhas palavras.

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